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Alysson Muotri é formado pela Universidade de Campinas (Unicamp) e doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, ele é professor titular da faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego. É também diretor do Centro de Educação e Pesquisa Integrada de Células-tronco em Orbita.
Sua ida para os Estados Unidos possibilitou o avanço de suas pesquisas, porém, ele continua envolvido com o Brasil. Em 2016, ele abriu uma empresa em São Paulo que realiza análises genéticas e testa drogas para futuros tratamentos.
Muotri e sua equipe investigam o comportamento de culturas de neurônios e “minicérebros” cultivados em laboratório, buscando compreender as disfunções nas redes neuronais de pacientes com transtornos mentais, além de analisar a resposta dessas células a possíveis medicamentos.
O autismo é um dos focos principais do seu trabalho. Muotri tem como motivação inicial para investigar o desenvolvimento cerebral humano “meu filho Ivan, autista nível 3, que tem uma série de comorbidades associadas. Ele tem diversas convulsões por dia. É o tipo de pessoa que requer uma assistência durante 24 horas”, disse.
Nessa perspectiva única, tanto de pai quanto de pesquisador, Muotri mergulhou em uma das áreas mais promissoras e desafiadoras da ciência contemporânea, levando seu trabalho além das fronteiras do conhecimento acadêmico, neste contexto, o cientista se transformou em um dos pioneiros no desenvolvimento dos chamados minicérebros, estruturas criadas em laboratório que replicam o cérebro humano em seus estágios iniciais de formação.
Alysson Muotri explica que o conceito central da organogênese cerebral in vitro, destacando que essa técnica consiste em criar estruturas que replicam o desenvolvimento de um cérebro humano em seus estágios iniciais.
Foi motivador também explorar a biodiversidade da Amazônia em busca de tratamentos para doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e outras condições neurológicas, incluindo o autismo. Essa é mais uma iniciativa da equipe de Alysson Muotri. Ele revelou que toca, em cooperação com a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), uma pesquisa para enviar minicérebros à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) para estudos em condições de microgravidade.
O objetivo, segundo o pesquisador, é avançar o entendimento de doenças neurológicas por meio do estudo de moléculas oriundas da biodiversidade de plantas amazônicas com potencial terapêutico.
“Enviamos robôs com inteligência artificial para identificar e coletar espécies na floresta”, explicou ele, que pode se tornar o primeiro cientista brasileiro numa missão espacial.
Em 2019, em colaboração com a Nasa, a Agência Espacial Norte-Americana, e a Universidade da Califórnia, o pesquisador enviou os minicérebros para o espaço. Com a pesquisa, ele constatou que as células cerebrais envelhecem mais rapidamente nesse ambiente: cerca de 10 anos em um mês.
Apesar dos avanços, Muotri foi enfático ao abordar os desafios éticos e técnicos envolvidos na criação de organoides cerebrais. “Ainda não criamos cérebros totalmente funcionais, mas à medida que essa tecnologia evolui, precisamos considerar as implicações morais e éticas de manipular tecidos cerebrais humanos”, alertou o pesquisador.