Texto: Danielle Farias – Presidente do Instituto Acreditar Maria de Lurdes

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O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, vai muito além de homenagens e flores. Ele carrega uma história marcada por lutas, sacrifícios e resistência, sendo um momento essencial para refletir sobre as conquistas das mulheres e os desafios que ainda precisam ser superados.

No Brasil e no mundo, as mulheres conquistaram espaços na política, na ciência, no mercado de trabalho e na sociedade, mas essa caminhada foi árdua e ainda está em construção.

A Origem do 8 de Março: Luta e SacrifícioA história do Dia Internacional da Mulher remonta ao final do século XIX e início do século XX, um período de intensa industrialização e precarização das condições de trabalho.

Em 8 de março de 1911, um incêndio na fábrica têxtil Triangle Shirtwaist, em Nova York, matou 146 trabalhadores, a maioria mulheres, que estavam presas dentro do edifício por falta de medidas de segurança e jornadas exaustivas. Esse trágico evento reforçou a necessidade de direitos trabalhistas e igualdade de condições entre homens e mulheres, impulsionando movimentos feministas e sindicais.

No entanto, a data já era um símbolo da luta das mulheres antes desse incêndio. Em 1908, cerca de 15 mil mulheres marcharam em Nova York exigindo melhores salários, redução da jornada de trabalho e direito ao voto.

Em 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na Dinamarca, Clara Zetkin propôs a criação de um Dia Internacional da Mulher para marcar a luta pelos direitos femininos em todo o mundo. A partir de então, o movimento se fortaleceu, e em 1975 a ONU oficializou o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher.Conquistas das Mulheres ao Longo da História.

No Brasil, a luta das mulheres garantiu avanços fundamentais. Em 1932, as brasileiras conquistaram o direito ao voto, após anos de reivindicações lideradas por Bertha Lutz e outras ativistas. Na política, a primeira deputada federal do país, Carlota Pereira de Queirós, abriu caminho para muitas outras que vieram depois.

Na ciência, mulheres como a biomédica Celina Turchi, que liderou as pesquisas sobre a relação entre o vírus Zika e a microcefalia, e a psiquiatra Nise da Silveira, pioneira no tratamento humanizado para transtornos mentais, mostraram que a ciência também tem rosto feminino.

No mercado de trabalho, a presença feminina tem crescido, mas ainda há desigualdades. As mulheres brasileiras ganham, em média, 22% a menos do que os homens para a mesma função, e a dupla jornada – trabalho formal e tarefas domésticas – ainda pesa sobre elas. Mesmo assim, sua força é inegável: 48% dos lares no Brasil são chefiados por mulheres.

Na sociedade, o combate à violência de gênero ainda é um desafio. A Lei Maria da Penha, de 2006, foi um marco no enfrentamento da violência doméstica, mas os números de feminicídio e agressões ainda são alarmantes.

O empoderamento feminino e a conscientização são essenciais para mudar essa realidade.Março: Um Mês de Reflexão, Não Apenas um Dia.O Dia Internacional da Mulher não deve ser reduzido a uma simples celebração. Março deve ser um mês inteiro de reflexão sobre os avanços conquistados e as lutas que ainda precisam ser travadas.

A igualdade de gênero não se constrói apenas com homenagens, mas com ações concretas, como garantir o acesso das mulheres à educação, incentivar sua participação política e econômica, combater o assédio e a violência, e promover um ambiente mais justo para todas.Respeitar as mulheres deve ser um compromisso diário, e não uma exceção no calendário.

O reconhecimento da sua importância na sociedade, na ciência, na política e no trabalho deve ser permanente.

Afinal, cada conquista foi resultado de resistência, coragem e determinação.Neste mês de março, que a memória das mulheres que lutaram e ainda lutam por direitos inspire novas gerações. E que a luta continue, até que o respeito, a igualdade e a liberdade sejam realidade para todas.