Imagem: Agência Tailândia

Danielle Farias (*)

Aos 18 anos, Raíssa é um exemplo vivo de superação e determinação. Autista. Ela trabalha, estuda e acaba de alcançar um feito extraordinário: tirou 900 pontos na redação do Enem, superando desafios diários que vão muito além das salas de aula.

Seu diagnóstico veio tardiamente, apenas aos 17 anos, após uma longa jornada de investigação. Desde muito jovem, Raíssa já tratava a ansiedade, mas foi somente depois que seus dois irmãos mais novos receberam o diagnóstico de autismo que os profissionais começaram a observar características que também estavam presentes nela.

A ansiedade intensa, dificuldades na teoria da mente, na compreensão de figuras de linguagem e na manutenção de amizades foram alguns dos aspectos que levaram a uma avaliação multidisciplinar, que confirmou que ela também estava dentro do espectro autista.

Apesar disso, Raíssa enfrenta diariamente o julgamento de não “parecer autista” aos olhos de quem enxerga apenas sua funcionalidade. Por conseguir se comunicar bem, manter um emprego e seguir uma rotina de estudos, muitas pessoas questionam seu diagnóstico, sem imaginar os desafios que ela enfrenta nos bastidores: a sobrecarga sensorial, a necessidade de roteiros claros, a dificuldade em processar comandos muito rápidos e a luta contra uma ansiedade que a acompanha há anos.

Mas Raíssa não se deixa limitar. Atualmente, trabalha no Instituto Acreditar, se prepara para ingressar no curso de Direito, em Tailândia (PA) e segue vencendo barreiras que a sociedade impõe para pessoas autistas.

Para ela, o autismo não deve ser um rótulo que restringe, mas uma característica que precisa ser compreendida e respeitada. Seu objetivo é ocupar seu espaço no mundo, e não qualquer espaço, mas aquele que ela quer e merece ocupar.

(*) Danielle Farias é presidente do Instituto Acreditar Maria de Lourdes, do município de Tailândia